segunda-feira, outubro 09, 2006

CONTRA O VENTO E AS MARÉS






Este poema (contra o vento e as marés) levará minha assinatura.

Deixo-lhes seis sílabas sonoras,

um olhar que sempre traz (como um passarinho ferido) ternura,

Um anseio de profundas águas mornas,

Um gabinete escuro em que a única luz são esses versos meus,

um dedal muito usado para suas noites de enfado,

um retrato de nossos filhos.

A mais linda bala desta pistola que sempre me acompanha,

a memória indelével (sempre latente e profunda) das crianças

que, um dia, você e eu concebemos,

e o pedaço de vida que resta em mim.

Isso eu dou (convicto e feliz) revolução.

Nada que nos pode unir terá força maior.
Este poema escrito na Bolívia por Che
para sua esposa Aleida
indica que ele sabia que seu tempo estava acabado.
Foi um poema que ele escrevera sob a forma de um testamento.
9 de outubro de 1967, CHEGUEVARA é assassinado covardemente por militares bolivianos.
Hoje (09 de outubro),portanto, completa 39 anos de sua morte.