quarta-feira, fevereiro 23, 2011

DESPERTA-ME DE NOITE

Desperta-me de noite
o teu desejo
na vaga dos teus dedos
com que vergas
o sono em que me deito

É rede a tua língua
em sua teia
é vício as palavras
com que falas

A trégua
a entrega
o disfarce

E lembras os meus ombros
docemente
na dobra do lençol que desfazes

Desperta-me de noite
com o teu corpo
tiras-me do sono
onde resvalo

E eu pouco a pouco
vou repelindo a noite
e tu dentro de mim
vai descobrindo vales.


Maria Teresa Horta

O EROTISMO NAS PALAVRAS...

Isto não é Pornografia, mas sim Literatura Erótica e a colocação das palavras entre os vocábulos e nos locais certos, faz despertar a beleza de saber ler...

O erotismo invadiu o nosso mundo para onde quer que nos desloquemos. Ao virar da esquina, lá está uma frase alusiva a um produto demonstrando o erotismo do objecto de consumo que, pode até não ter nada a ver com esta área. O que é certo é que, nem só de imagens vive o erotismo.

O erotismo existiu desde sempre expresso por imagens e por palavras, mas existiu sempre uma confusão muito grande entre erotismo e pornografia. Distinguir as diferenças entre estes dois conceitos, tornou-se algo complicado e discutível na nossa sociedade. A diferença reside na forma como se usam as palavras e o próprio corpo.

O erotismo tem que ter obrigatoriamente beleza e sensibilidade, misturadas com muita sensualidade enquanto que a pornografia, rege-se por conceitos mais obscenos, dados à vulgaridade. Mas, como é óbvio esta diferença depende da educação e da visão de cada um.

Aquilo que pode demonstrar a diferença da escrita é a qualidade literária na qual se insere, e a forma como as palavras se utilizam. No tempo da Inquisição, por exemplo, foram muitas as obras que foram cortadas do panorama da leitura comum. A censura era implacável e ainda hoje, as vozes censórias se fazem ouvir, mas já com outra dimensão.

Os exemplos de pornografia por todo o mundo são vários, e o recurso à literatura enaltecendo o erotismo, é ainda muitas das vezes confundido com pornografia. Em Portugal, existem verdadeiras obras dadas ao erotismo, ou então que de alguma forma o invocam: Urbano Tavares Rodrigues, David Mourão-Ferreira ou Maria Teresa Horta.

Na Poesia o erotismo encontrou um leito muito convidativo, principalmente pelas mãos desta última escritora, Maria Teresa Horta. Hoje, o interesse por este tipo de escrita erótica, independentemente dos moldes em que se insere, continua a ser muito procurada.

Infelizmente, existe ainda muita gente que encara este tipo de escrita, como algo de vulgar, demonstrando ainda um género de pudor a este tipo de escrita. Isto porque, quando se fala de sexo, ainda que se utilize a literatura como
ponte de passagem da mensagem, as pessoas têm um certo pudor de tocar no assunto mesmo que se utilize as palavras como meio de transmissão.

Muitos foram os casos julgados: "Antologia de Poesia Erótica e Satírica Portuguesa" de Natália Correia e David Mourão-Ferreira, ou "Filosofia de Alcova" do Marquês de Sade. Quem não se recorda do célebre livro "Lolita" de Vladimir Nabokov? Este foi um dos casos mais badalados e que chegou a ser alvo de vários processos, acusado de pornografia.

O erotismo na escrita é uma forma de arte como outra qualquer. Aprende-se a lapidar as palavras a dar-lhes corpo, prazer e desejo. As imagens são substituídas pela leveza e tentação dos vocábulos, que docemente instauram um qualquer desejo aos olhos de quem os lê...Isto não é Pornografia, mas sim Literatura Erótica e a colocação das palavras entre os vocábulos e nos locais certos, faz despertar a beleza de saber ler...



Site: Mulheres Portuguesas

A SABEDORIA DO EROTISMO


Transar pode ser um excelente e prazeroso meio de alcançar a sabedoria e a união com o divino: esta é a tese dos orientais
Por Jesse Navarro
      Mãos nas mãos, olhos nos olhos. Beijos, abraços, carícias cada vez mais ousa¬das. E finalmente a entrega total e mútua. Os corpos se encontram e se fundem no prazer de satisfazer o desejo que os incendeia. Fazer amor é uma das nossas atividades mais gratificantes. E pode ser ainda mais completa se, além do corpo, também a mente e o espírito estiverem envolvidos. Deste modo, a transa se tornará uma via de aperfeiçoamento, segundo os adeptos do tantrismo - uma filosofia que teve origem nas margens do rio Indo (onde hoje fica a Índia). Foi desenvolvida pelos drávidas, povo que ali viveu há 3 mil anos e que influenciou mui¬tas das escolas místicas posteriores. Os drávidas tinham consciência de que muitos caminhos levam à união com a consciência cósmica, ou seja, à sabedoria. E um desses caminhos é a relação sexual. O sexo era tratado por eles com tamanha deferência que, na língua desse povo (o sânscrito), os órgãos sexuais recebiam nomes poéticos: o pênis era chamado de lingam, que significa “bastão de luz”, e a vagina de yoni, ou seja “espaço sagrado”.

      A sexualidade é tão importante para o tantrismo que duas das suas maiores divindades, Shiva e Shakti – que representam respectivamente o homem e a mulher - são dois princípios complementares e inseparáveis. Ou seja: os princípios masculino e feminino são dois aspectos da mesma coisa. Shakti repousa, no corpo humano, no chacra (centro energético) da baseia espinha dorsal. Shiva é associado ao chacra do centro da cabeça. Mas nem por isso o masculino é superior ao feminino. Shiva e Shakti representam os dois pólos da mesma, energia cósmica. Sem ela, o homem se¬ria só consciência, incapaz até de se mover. O espiritual também não é considerado superior ao físico: o contato com o divino se dá pelo espírito, mas o corpo é um templo vivo. Nele, durante a atividade sexual, Shakti se desloca pelos chacras, ativando-os e pro¬movendo uma melhora física, mental e psíquica. Até que, nas pessoas mais evoluídas nas práticas tântricas, ela chega ao chacra de Shiva e ambos estabelecem uma ligação com o absoluto, com o plano divino. Portanto, nem remotamente os tantristas associam ao sexo a idéia de pecado ou de atividade menor. Tanto assim que os drávidas deixaram uma série de textos em sânscrito com técnicas para o contato pleno entre os, amantes. Naturalmente, o que esses textos ensinam é apropriado ao estilo de vida daquele povo, que era bem diferente do nosso. Mas o modo mágico pelo qual ele fazia amor pode ser adaptado à nossa realidade:

 O ritual da transa Você também pode reservar um bom espaço de tempo - um fim de semana, por exemplo - para se dedicar ao amor tântrico. Naturalmente, a pessoa com quem vai partilhar esse ritual romântico e mágico tem de ser alguém que você ame e em quem confie. Dê preferência a uma fase da Lua cheia e procure seguir à risca o roteiro indicado abaixo:



O despertar: O homem e a mulher devem dormir juntos e acordar às 4 horas da manhã. Às 6, tomam o primeiro banho do dia. (Os outros acontecerão ao meio-dia e às 6 da tarde, horários mágicos para o tantrismo).
 


As roupas:
Após o banho das 6 da manhã, os dois vestem roupas confortáveis - de preferência, túnicas feitas especialmente para a ocasião. A dele será vermelha e a dela, violeta.




As comidas:
Durante todo o dia, a alimentação será bem leve e à base d frutas. A mulher come bananas, que lembram o sexo masculino, e o homem come mamão, que lembra o sexo feminino. Outras frutas serão comidas por ambos, indistintamente. É o caso da maça (associada ao conhecimento), da pêra (associada ao útero), do caqui (associado à sexualidade), do pêssego (associado aos seios), do morango (associado ao coração e, portanto, à capacidade de amar). Se optarem por uvas (associadas ao sêmen), o homem deve colocá-las, uma a uma, na boca da mulher, e vice-versa. O mel também será incluído na dieta desse dia especial.




O relaxamento:
Para alimentar o espírito, o casal deve ter muita poesia e ouvir música clássica e new age. A longa e gostosa preparação para o momento de êxtase deve incluir massagens relaxantes nos ombros e na sola dos pés, com óleos perfumados. Não se preocupe com a técnica da massagem: sua intuição será o melhor guia, nesses momentos.




A energização:
Os mudras (gestos que emitem energia) são outro elemento importante do ritual. No mais comum deles, as mãos se posicionam como para uma oração, em frente do peito, e cada pessoa visualiza a energia fluindo do seu coração para o do seu par e envolvendo ambos os corpos numa luz violeta.




O aposento:
Após o banho das 6 da tarde, os dois se recolherão ao quarto, que deve estar iluminado por uma vela e enfeitado com flores vivas, plantadas em vasos. A orquídea e a margarida são as mais indicadas. A cama receberá um lençol virgem, branco ou cor-de-rosa. Queimar incenso (com perfume de sândalo) ajudará a criar o ambiente mais propício para a magia.



O fortalecimento dos sentidos:
Já nus, o homem e a mulher sentam-se, face a face, e cada um pinta com guache um ponto vermelho entre as sobrancelhas do outro. É o olho de Shiva, que fortalece a intuição e a capacidade de sentir, de interiorizar tudo o que acontece. Enquanto se olham nos olhos, sem qualquer preocupação de analisar o que estão fazendo, ambos voltam seus pensamentos para Shiva e Shakti e mentalizam exclusivamente coisas boas. Alguns mantras (sons sagrados) devem ser entoados oito vezes seguidas. Om Klim Krom e Om Sri Gam, por exemplo, farão aflorar o amor sincero e removerão todos os obstáculos à felicidade.



A transa: Finalmente, os dois se entregam ao ato sexual propriamente dito. Sem ansiedade nem freios, vão se estimular e se satisfazer lenta e delicadamente, como se dançassem ao som de uma melodia muito suave e elaborada. Gestos violentos, angulosos ou apressados são "proibidos", mas o fundamental é seguir a própria intuição. Com o tempo e o conhecimento do ritmo e das preferências do par, ambos conseguirão uma harmonia tão completa que poderão adiar o êxtase por quanto tempo quiserem. Aliás, nos rituais drávidas, a ejaculação nem costumava ocorrer, já que o ato sexual não tinha, no caso, o fim de promover a procriação. Mas esse controle total é quase impossível para as pessoas com uma educação ocidental, como a nossa, e não convém persegui-lo obsessivamente. Tudo deve ocorrer de modo natural, para que os amantes relaxem tão profundamente que o pensamento acabe sendo abolido. Assim, a transa se torna uma forma de meditação. A espontaneidade é fundamental, pois o amor tântrico é uma forma natural de promover o encontro de Shakti com Shiva e despertar o divino que mora em nós.


Fonte: Templo da aula terapia

REBENTO

Na infinda solidão
Navega quente o sangue nas veias.
Divagando silenciosa
Fazendo-se certeza
Em cada batida do coração.
As horas estagnadas
Guilhotinam esperanças.
No relógio do tempo
Segundos me levam a eternidade.
No vácuo da procura
Nasce o rebento da nostalgia
Tudo é saudade.


Socorro Carvalho

SAUDADE

Em minha pele
Ainda está o seu cheiro
Perfume que encanta meus devaneios.
Sobre a mesa...
Está sua fotografia
Guardando sua presença
Fazendo aumentar minha saudade.

Na mente a inspiração
Rimas soltas escapam entre os versos.
No espaço vazio e solitário.
Rascunhos de poemas jogados ao chão.
Dentro do meu peito...
Sua recordação.

A saudade do seu colo
A carência dos seus beijos
A saudade do seu abraço
Lembranças do seu cheiro
Poema de saudade e desejo.


Socorro Carvalho

GOVERNO DO ESTADO REPUDIA DISCRIMINAÇÃO À PARAENSE EM MANAUS

Diante do lamentável fato ocorrido na última segunda-feira (21) na cidade de Manaus, capital do Estado do Amazonas, amplamente divulgado pela imprensa e pela internet, envolvendo uma cidadã paraense e o prefeito daquele município, sr. Amazonino Mendes, o Governo do Estado do Pará se sente no dever de fazer as seguintes considerações:


1. É inaceitável que, em qualquer circunstância, um ser humano sofra qualquer espécie de discriminação. É deplorável, portanto, a atitude de uma autoridade pública, eleita pelo povo, que, ante um grave problema social, mostra desequilíbrio e destempero. Não satisfeito em dizer à mulher "morra!", o prefeito, ao saber que ela é paraense, destilou ironia e sarcasmo, dizendo "então está explicado", querendo insinuar que a atitude da mulher, cobrando por providências em uma área onde ocorreram desabamentos e mortes, se devia ao fato de a mesma ser oriunda do Estado do Pará.


2. Certamente, a atitude do prefeito não reflete o pensamento da maioria dos manauaras e amazonenses, que há séculos lutam bravamente com seus vizinhos amazônidas por uma sociedade mais justa e fraterna, e por uma Amazônia respeitada, nacional e internacionalmente.


3. É fato que muitos paraenses migraram para Manaus em busca de novas oportunidades. Como é fato, também, que muitos amazonenses (e brasileiros de todos os demais Estados) para cá vieram, todos em busca de um futuro melhor, em uma terra que os acolheu fraternalmente. Em ambos os casos, os povos amazonense e paraense receberam os migrantes de braços abertos, e não haveria outra maneira de fazê-lo, já que somos todos brasileiros.

4. O Pará, com seus imensos recursos naturais, sempre contribuiu para o desenvolvimento do país, respondendo decisivamente para o superávit da balança comercial graças às exportações, que, malgrado sua importância, não têm compensado os paraenses como deveriam. As injustiças fiscais estão entre as razões dos desequilíbrios regionais, pobreza e subdesenvolvimento, que, somados, forçam o povo a sobreviver, muitas vezes, fora da terra natal. A realidade é dura para todos na Amazônia, e é incompreensível que haja rancores entre nós e, lamentavelmente, alimentados por uma autoridade pública.


5. O Pará, formado pela soma de várias naturalidades e nacionalidades, lamenta o episódio ocorrido em Manaus, mas compreende que, acima de tudo, está a fraternidade entre os povos que sofrem e lutam por uma melhor qualidade de vida para todos, sem discriminação.
Por um Pará unido, por uma Amazônia unida, por um Brasil unido.


Governo do Estado do Pará
 
Fonte: Agência Pará de Notícias

OAB/PA DIVULGA NOTA DE REPÚDIO CONTRA AMAZONINO


A Ordem dos Advogados do Brasil no Pará divulgou ontem (22), em seu site, uma nota de repúdio condenando o que considerou uma “infeliz manifestação” do prefeito de Manaus, Amazonino Mendes. A instituição considera que Amazonino deve se desculpar “com os pobres, que também ajudaram a elegê-lo, bem como com o povo do Pará – que na pessoa de uma mulher, foi ofendido”.
Leia a nota na íntegra:

"NOTA DE REPÚDIO
A seccional da Ordem dos Advogados do Brasil no Estado do Pará vem de público manifestar seu repúdio a infeliz manifestação do excelentíssimo prefeito de Manaus, senhor Amazonino Mendes, que se portou  com desdém em relação aos menos favorecidos pela sorte, além de proferir declaração de cunho, manifestadamente preconceituoso, ao laborioso povo do Estado do Pará.

Esperamos que a referida autoridade tenha a grandeza de se retratar, desculpando-se com os pobres, que também ajudaram a elegê-lo, bem como com o povo do Pará – que na pessoa de uma mulher, foi ofendido – a fim de manter o equilíbrio que se deseja entre os entes federativos.
Outrossim, a OAB-PA espera que a partir de agora, o referido agente político se paute em assuntos de real interesse a coletividade."


Fonte: Diário do Pará