sábado, abril 16, 2011

A LISTA



Para este final de semana deixo essa música linda  de Osvaldo Montenegro "A LISTA"  que é uma super reflexão para cada um e cada uma de nós. Nós que muitas vezes nos trancafiamos em nosso mundo, em nosso egoísmo interior e deixamos de lado pessoas e sentimentos verdadeiros. Deixamos passar despercebidos pequenas provas de grandes sentimentos, nos omitimos do amor, nos engaiolamos em nossos "conceitos" nos tolindo a arte de ser feliz e de fazer feliz.

Tornamos-nos egoístas pelos cargos e funções que exercemos, trancamos nosso coração para os bons sentimentos, amarramos no rosto um amargor que contamina o coração e a alma. Abandonamos pessoas. Ferimos amizades. Traímos a confiança de quem confiou em nós e por vezes nos julgamos  melhores pelas amizades “importantes” que julgamos  ter. E com isso abandonamos nossa própria essência. 

De repente, aos poucos, vamos perdendo até mesmo aquelas  pessoas que mais pareciam gostar de nós. E um dia quando caímos na real estamos sóis, vazios, abandonados, naufragados em nossa solidão distante até mesmo do nosso próprio eu. Por isso, hoje resolvi parar um minutinho.... E fazer uma lista dos meus amigos antes que esse mundo cão consuma minha essência, como está a consumir a mente de muitas pessoas ditas “inteligentes” mas medíocres, ao mesmo tempo.Não posso permitir que minha verdadeira essência se perca de mim em meio a esse mundo vazio e violento.  O tempo passa, as pessoas se vão,  os sentimentos são guardados... Não podemos perder tempo pois  a vida é breve demais ...

Um grande abraço


Até mais


Socorro Carvalho

TEU SABOR

Ainda está em minha boca
O sabor de você...
O sabor do beijo ardente
E o suor de tua pele a temperar minha saudade...
Meu corpo carente
Tem marcas de tuas carícias...
E o toque ousado de tuas mãos.
Tudo é saudade...
E feito miragem
Você está aqui diante de mim.
Meus pensamentos loucos te chamam
Minha pele arrepia de desejo
E entre sensações
Sinto o quanto te quero... em mim.
Mas só consigo te encontrar
Dentro dessa saudade... que não passa.
O tempo estagnado rouba minha concentração
Já não consigo ouvir a razão
Tudo ao redor tem tua presença
Cheiro de tesão, erupção e  desejo
Enscondidos no cio dos meus segredos.
Na boca sinto teu sabor
E em meu corpo
Sinto falta do teu falo que me fala de tua satisfação
Quando se derrama quente...
Penetrando minhas entranhas  
Numa mistura de loucura e  prazer
Traduzindo um sabor sem fim...
Ainda está aqui
O teu sabor...


Socorro Carvalho

TROQUE AS LENTES DE SUA ALMA



O derrotismo, esta lente turva e embaçada de uma alma à procura do seu caminho, este famigerado mal que só nos humanos herdamos na natureza, não deveria ser inerente à nossa raça, haja visto nosso também exclusivo dom da inteligência, porém ele vive dentro de nós como um parasita, devorando tudo o que temos de melhor, liberdade, felicidade, auto-estima, confiança, atitude, etc.etc.


E não bastasse isto, ainda nos envenena com sentimentos baixos como, inveja, ciúmes, indiferença, ingratidão, omissão, mesquinhez e pessimismo. Se acreditarmos que o mais importante seria conquistar aquele sentimento tão cobiçado e falado em prosas e versos, a felicidade, por que estamos sempre correndo dela, quando o certo seria irmos ao seu encontro?


Esta pergunta realmente soa de maneira estranha, pois como poderíamos em sã consciência permitir que este mal nos acometesse com tamanha frequência? Mas é o que acontece quando ignoramos que este sentimento tão simples, a felicidade, já pode começar a ser concretizada ao deixarmos de reclamar por tudo aquilo que não conseguimos ter, e passarmos a valorizar aquilo que não perdemos.


O maior flagelo de alguns é chegar a uma pobreza tão grande que só conseguem para si uma rica conta bancaria. Em nossa convivência não existe nada de especial em sermos superiores aos outros, o que realmente importa, é nos empenharmos em sermos sempre melhores que ontem, sem que isto nos dê uma conotação de superioridade ou de altivez desmedida. Quando, ao vivermos uma adversidade, nos brilhar o sentimento da esperança, acabamos por nos maravilhar com a solução que, inexplicavelmente sempre esteve lá, mas nosso pessimismo nos cegava.


Não se desanime nem se atemorize com a adversidade, pois ela existe apenas para ser vencida, aprimorada e aperfeiçoada. As adversidades formam a essência da sabedoria e o combustível da alma, pois é a partir dela que encontramos novos caminhos para outras realizações, o que nos inspirará a seguir em frente. Toda inspiração porém, terá que ser seguida de ação, mas caso não consigamos concretizar nosso objetivo, isto jamais deverá ser motivo de desânimo, pois esta experiência, certamente nos fará mais sábio que antes. Existe um tênue fio que separa a vitória da derrota. Você perdeu, às vezes por uma diferença mínima, como poderia ter ganhado por esta mesma diferença. Isto não consiste em derrota, pois demonstrastes ação para evitá-la. Tente novamente, porém sem se martirizar com sentimentos como a impaciência, pois a impaciência sem limites, tem como propriedades, destruir a esperança, sufocar a alma a razão e a fé.


Insista outra vez, não é a força dos pingos d´agua que fura a pedra, mas sim a persistência incansável desta ação. Não te esqueças que, o impossível é somente aquilo que não desejamos do fundo de nossa alma. Não culpe ninguém por sua infelicidade, esqueça a tão famigerada notícia de crise para não usá-la como desculpa, pois é a intensidade de propaganda da crise que normalmente causa a derrota na vida de muita gente.


Às vezes enfrentamos batalhas já fadadas à derrota, cabe ao nosso poder de discernimento, saber se esquivar destas armadilhas que muitas vezes a vida nos prepara. Uma mudança de atitudes é a atitude mais correta para se alcançar qualquer êxito nunca obtido antes, mesmo porque se não a fizer, estará fadado á derrota eminente.


 Precisas tomar a atitude de exorcizar tudo o que lhe fora negativo no passado, e contar apenas com coisas novas e positivas, acrescente a isto, ação com determinação, e os resultados virão. Um pouco de audácia também será necessário, pois contamos com a audácia, mesmo que comedida, para sermos bem sucedidos, ou o fator ilusório da sorte, se for excluída a audácia, e o ilusório não se concretizar, a mediocridade nos levará certamente à confrontação com a derrota, pois quem nunca ousar estará exposto a uma pasmaceira resultante que poderá até o levar ao túmulo, onde lhe caberá como epitáfio a frase. “Aqui jaz aquele que, mesmo não tendo vivido, persistiu bravamente em existir pelo resto de seus enfadonhos dias”.


Não percamos mais tempo, para realizar qualquer projeto, devemos começar sempre ontem, pois o hoje já se foi e o amanhã ainda nem chegou. Lança-se a idéia ontem, realiza-se hoje e desfruta-se amanhã. O amanhã existe apenas para se festejar os resultados de um empreendimento, e nunca para se começar um.

Nunca se desespere numa crise de afetividade não correspondida, saiba que você sempre será importante e amada por alguém, este sentimento te acompanhará pela vida afora a partir do parto. O amor este sentimento de atração entre dois seres humanos, não tem tempo para acontecer, só acontece uma vez, e não acaba, se você acha que ele já aconteceu e lamentas por tê-lo perdido, é por que ele nem começou.


 A qualidade de vida é regida pela qualidade dos pensamentos, desperte para esta nova realidade, aguce sua auto-estima juntamente com sua autoconfiança, pois é ela a força que irá reger o universo de sua vida, te fazer feliz, realizado e completo em suas convicções. Com a falta desta autoconfiança, simplesmente não passará de um bom serviçal à disposição de seu patrão.


 Quando sua autoconfiança já reinar absoluta em sua alma, isto irá transpor os limites do abstrato e exalar-se à percepção daqueles à sua volta, despertando neles respeito confiança e admiração, sentimentos estes que reverterão à seu favor. Esqueça aqueles derrotistas que vivem a te criticar colocando-te “para baixo” naqueles momentos mais frágeis onde sua auto estima estiver comprometida, pois não devemos dar tanta importância às críticas, para cada solução nossa haverá sempre um crítico a nos questionar. Como seria o mundo se existissem apenas aquele que só fazem críticas sem os que só realizam? Numa oportunidade vitoriosa, porém deveremos nos policiar, pois você poderá vencer com ambição comedida, como também poderá fracassar ao passar dos limites, pela embriagues da ganância o que o distanciará mais da tão almejada felicidade.



Não perca de vista a pessoa simples que você já foi um dia, pois apesar de tudo fazer por uma posição de destaque frente à sociedade, normalmente você acabará encontrando a felicidade nas coisas mais simples da vida, como o nascimento de um filho ou de um neto; quando, simplesmente frente àquele por de sol, aconchegado a uma poltrona, convicto de missão cumprida para ti e tua família ou quando perceber no olhar dos que te rodeia aquela sensação de gratidão e amizade sincera, fruto de uma existência de bondade, retidão e servidão espontânea aos que dividiram sua existência.


 O simples fato de administrar bem suas posses não deixando isto ser o mais importante a ser feito, e ainda administrar, com louvor, todos seus relacionamentos de maneira soberba onde os bons sentimentos sempre foram cultivados e priorizados, é uma das fórmulas mais eficazes para se chegar a uma felicidade plena.


Nunca queira chegar à riqueza a qualquer custo, usando de meios ilícitos e pisando em seus subordinados, pois o verdadeiro caráter de um homem irá se manifestar apenas quando lhe for delegado poderes, pois quando tiveres o destino de outros à sua mercê, é chegada a hora de avaliar que tipo de animal habita o teu ser. Se a seu ver, te encontras numa situação de glória, antes que dela se deleite, cuide para que este desfrute seja moderado, pois qualquer ato de engrandecimento e demonstração de superioridade irá aniquilar e ofuscar tua vitória.

(Ivan Teorilang)

MENSAGEM AO POETA CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Poeta - Carlos Drummond


Fazendeiro sem fazenda,
eu escuto a tua moenda
moendo a cana dolorida
de que escorre intenso caldo
com gosto de sangue e vida;
teu trigo de nuvens, alto,
contemplo, que surge em ouro
do teu brejo de lembranças,
e perscruto salso coro
de póstumas esperanças;
bebo a tua água de sede,
de todo ti me embriago,
e na tua áspera rede
me vou, me levo, me trago,
de chão e dia me esqueço:
montado no teu cavalo,
densas roças atravesso,
a longínquos ventos falo,
sobre bocas cismadoras
velhos bigodes escuto,
que percorrem as lavouras,
impondo seu estatuto;
vejo um anjo: é fel e doce,
tomou tua mão de infância
e pelo escuro te trouxe;
tua essência e circunstância
vão subindo ausente escada
de tênue casa de lua;
flor de palavra fechada
em tua alma se insinua;
rosa-cardo desabrocha
o seu perfume de espinho
no cimo da tua rocha,
destila pungente vinho
na corola de uma taça,
tingindo-a amargosamente;
pelo seu terreiro esvoaça
vôo de canto silente,
e o colhes entre teus lábios,
e a ele teu dom se mistura;
engendras teus astrolábios,
constróis teus abismos e altura,
dás olhar a escuros seres
desces a peitos opacos
e vês sombrios haveres,
letras, horas, cinzas, cacos;
compões palhadas e esteiras,
abacelas as raízes
alporcas fuscas roseiras,
estrumas cansadas terras,
cuidoso limpa os pastos,
cavalo, pensas e ferras,
voas sobre os campos vastos;
voltas, casas as camélias,
fenas e ensilas forragens,
desgalhas árvores velhas,
e os teus pés engolem viagens
para amanhares alqueires;
e regas os teus transplantes,
examinas teus alfeires,
com sábias mãos incessantes
podas, sachas e mondas,
e em cada de tuas tulhas
teus grãos de estrelas escondes,
sóis disfarçados debulhas
das mais inscientes espigas;
se penetras nas senzalas,
em seu negrume respigas
brilhos de duras opalas;
és tu a foice e a colheita
dos teus íntimos idiomas,
e indelével lua espreita
ruas de tempo em que assomas.

*

Homem de pranto sem pranto,
que soluças, do teu barro
escondido sob o manto,
vida e amor — anéis sem aro;
Homem triste de Itabira
que do galpão da memória
extrais a nublosa tira
de uma estrada merencória.
revelhas arcas exumas,
cavalgas teu submarino
dentro de argilas e brumas,
pões no bolso o raro sino
de murcho som de violetas
esferas de sumos grossos
e pélagos de ondas pretas
que comoveram teus ossos
no ontem país dos Andrade,
— colhe a voz que, há quarenta anos
mais um, te disse amizade,
e no vale dos enganos
nunca se enganou contigo,
tua voz de ouro calado,
amaridúlcido amigo!
sulcos de teu grave arado,
teu sideral moenda,
fazendeiro sem fazenda.



Nota do Editor à época da publicação:
"N. da E. — Esta bela poesia de Abgar Renault foi publicada em "O Estado de São Paulo (Sup. Lit., 29/6/1963), meses após ter Carlos Drummond completado 60 anos. Agradecemos ao eminente escritor a honra de nos autorizar a incorporá-la (revista) nesta Seleta."

Abgar de Castro Araújo Renault, professor, educador, político, poeta, ensaísta e tradutor, nasceu na cidade de Barbacena (MG) no dia 15/04/1901.

UM APÓLOGO

Apólogo. Historieta mais ou menos longa, que ilustra uma lição de sabedoria e cuja moralidade é expressa como conclusão:


Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:

— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma cousa neste mundo?

— Deixe-me, senhora.

— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.

— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.

— Mas você é orgulhosa.

— Decerto que sou.

— Mas por quê?

— É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?

— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu e muito eu?

— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados...

— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás obedecendo ao que eu faço e mando...

— Também os batedores vão adiante do imperador.

— Você é imperador?

— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...

Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:

— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima...

A linha não respondia; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte. Continuou ainda nessa e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.

Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava de um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha para mofar da agulha, perguntou-lhe:

— Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá.

Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:

— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.

Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça:

— Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!


Machado de Assis.

Texto extraído do livro "Para Gostar de Ler - Volume 9 - Contos", Editora Ática - São Paulo, 1984, pág. 59.
 
 

É PRECISO (A PRÓXIMA PARADA)





É preciso falar dos amigos
É preciso falar de nós dois
É preciso falar de estar vivo
E do que nos espera depois

É preciso falar de carinho
É preciso falar de calor
E ouvir sua voz na batida
Contando segredos

É preciso falar
É preciso falar, hey, hey

É preciso falar da saudade
É preciso falar da paixão
É preciso falar de ser livre
E querer segurar sua mão

É preciso brindar o destino
É preciso gritar começou
Se jogar nessa dança da vida
Sem medo do escuro
Impossível não falar de amor

É preciso falar
É preciso falar, hey, hey

É preciso falar
A verdade
É preciso falar, hey, hey

Cada vida tem a sua estrada
Acredite no poder das palavras
Diga assim, essa noite vem
Deixa o sol nos levar
Deixe os planos, a próxima parada
É preciso falar
É preciso falar, hey, hey

Jota Quest