domingo, setembro 09, 2012

A ALEGRIA NA TRISTEZA



O título desse texto na verdade não é meu, e sim de um poema do uruguaio Mario Benedetti. No original, chama-se "Alegría de la tristeza" e está no livro "La vida ese paréntesis" que, até onde sei, permanece inédito no Brasil
 
 
O poema diz que a gente pode entristecer-se por vários motivos ou por nenhum motivo aparente, a tristeza pode ser por nós mesmos ou pelas dores do mundo, pode advir de uma palavra ou de um gesto, mas que ela sempre aparece e devemos nos aprontar para recebê-la, porque existe uma alegria inesperada na tristeza, que vem do fato de ainda conseguirmos senti-la.
 
 
Pode parecer confuso mas é um alento. Olhe para o lado: estamos vivendo numa era em que pessoas matam em briga de trânsito, matam por um boné, matam para se divertir. Além disso, as pessoas estão sem dinheiro. Quem tem emprego, segura. Quem não tem, procura. Os que possuem um amor desconfiam até da própria sombra, já que há muita oferta de sexo no mercado. E a gente corre pra caramba, é escravo do relógio, não consegue mais ficar deitado numa rede, lendo um livro, ouvindo música. Há tanta coisa pra fazer que resta pouco tempo pra sentir.
 
 
Por isso, qualquer sentimento é bem-vindo, mesmo que não seja uma euforia, um gozo, um entusiasmo, mesmo que seja uma melancolia. Sentir é um verbo que se conjuga para dentro, ao contrário do fazer, que é conjugado pra fora.
 
 
Sentir alimenta, sentir ensina, sentir aquieta. Fazer é muito barulhento.


 Sentir é um retiro, fazer é uma festa. O sentir não pode ser escutado, apenas auscultado. Sentir e fazer, ambos são necessários, mas só o fazer rende grana, contatos, diplomas, convites, aquisições. Até parece que sentir não serve para subir na vida.
 
 
Uma pessoa triste é evitada. Não cabe no mundo da propaganda dos cremes dentais, dos pagodes, dos carnavais. Tristeza parece praga, lepra, doença contagiosa, um estacionamento proibido. Ok, tristeza não faz realmente bem pra saúde, mas a introspecção é um recuo providencial, pois é quando silenciamos que melhor conversamos com nossos botões. E dessa conversa sai luz, lições, sinais, e a tristeza acaba saindo também, dando espaço para uma alegria nova e revitalizada. Triste é não sentir nada.
 
 
Martha Medeiros

A VERDADEIRA AMIZADE


5 Boca doce granjeia muitos amigos 
e lábios afáveis atraem saudações.
 
6 Sejam muitos os teus amigos,
mas o teu confidente um só entre mil.
 
7 Queres ter um amigo? Adquire-o com a prova
e não te apresses em confiar nele;
 
8 porque há amigo que se vai com o tempo,
e no dia da tribulação não é constante.

9 Há amigo que se torna inimigo,
e descobrirá, para tua vergonha, querelas.

10 Há amigo que só o é para a mesa,

e que nos dias da desgraça desaparece;

11 na tua prosperidade é como se fosse outro tu,
na tua desventura afasta-se de ti;

12 se te colhe o infortúnio, volta-se contra ti,
e oculta-se da tua presença.

13 Permanece afastado de teus inimigos,
e com os teus amigos tem cuidado.
 
14 Um amigo fiel é um refúgio poderoso,
e quem o encontra, achou um tesouro.
 
15 Amigo leal não tem preço,
e nada se iguala ao seu valor.

16 Bálsamo vital é o amigo fiel;
os que temem a Deus o encontram.
 
17 O que teme a Deus é constante na sua amizade
porque qual é ele, tal é também o seu amigo.

ECLESIÁSTICO, 6,5-17

O BARCO DA VIDA



Hoje fiquei pensando sobre a vida. Após pensar bastante, de repente,  percebo que a vida é muito parecida a um barco,  que viaja  com destinos diversos, e às vezes, até nos deixa a deriva, perdidos e sem direção.


Por outro lado, a cada um de nós cabe a responsabilidade de se um bom navegante para manusear o leme do barco e direcioná-lo, no rumo certo.

Às vezes contra ventos fortes, grandes  maresias e correntezas. Porém, o bom  navegante não se desespera, diante de tais desafios,  e os encara como aprendizado e por isso sempre encontra um abrigo ou um  jeito e o rumo  certo para viajar. E assim,  apesar das tempestades conduz o leme da vida com sucesso para poder ancorar, num porto seguro sem se deixar naufragar.

O bom navegante sempre sabe que  apesar do dia bonito o tempo pode mudar. Mesmo assim,  ele jamais perde o encanto de viajar, sentir o vento, o cheiro do rio e se arriscar a uma nova viagem e outras descobertas. Assim é a vida. Um dia o tempo está bonito e no outro a tempestade vem assolar, destruir... Ainda assim,  não podemos nos deixar abalar.

É sempre bom lembra que apesar das tempestades a vida é linda e precisamos seguir assim que o sol voltar a brilhar.
 
Precisamos apenas ter fé em Deus  que Ele jamais nos abandonará,  no mar calmo ou no feroz vendaval, basta que tenhamos fé e coragem para  navegar...

A vida segue e a viagem não pode parar mesmo que  as intemperanças do acaso tentem atrapalhar. Pois o bom navegante ama viajar Por que  ele sabe que a tempestade é passageira, mas o amor é eterno.

 
Socorro Carvalho