O dia amanheceu com tempo
nublado, bem propicio ao descanso e sono demorado, hoje não tem “trabalho”.
Porém, mais que isso era domingo, dia de acordar tarde. Descansar e recarregar
as energias. Porém, no canto do quarto vejo um monte de roupas para lavar e
através da janela fico a espreitar o tempo, enquanto
um leve chuvisco começa a cair. A máquina cheia de água me instiga a
molhar a roupa na fé a espera da complacência da majestosa natureza. Sem alternativa,
apesar do tempo, resolvo encarar a lavagem da roupa.
A casa vazia, e em minha
companhia apenas o rádio ligado. Numa frustrada tentativa de mudar de estação
e ouvir uma FM me dei mal, tentativa vã, decepcionante, tanto que resolvi
desligar o rádio. É que o ruído musical vindo dele parecia penetrar em meus
ouvidos como uma agressão, tamanha era a bestialidade descrita da tal sintonia,
em plena desarmonia de meus sentidos e gosto musical. Enfim, um completo
disparate sem contraste ou inspiração para animar meu domingo de trabalho...
Diante disso, resolvi vasculhar
no tempo algo melhor para ouvir e numa louca procura por uma boa música lembrei-me
de uma boa MPB quem sabe? Pensei. Então, lá vou eu em busca da minha seleção em
fita K-7. Um presente que ganhei do Jornalista alemão Arno Rochol, em uma
oficina da Rede de Notícias da Amazônia em Manaus. São fitas K-7 com músicas
imortais de grandes nomes, quando a arte musical era, ainda, música de verdade
traduzindo grandes inspirações e significados, sem comparação a determinadas
aberrações que deparamos em algumas sintonias, atualmente. Ufa!!
No toca fitas coloco a velha
fita k-7 e lá vem majestosamente Buarque, Caetano, Gil, Tom, Adoniran, Milton,
Djavan etc. Em cada um deles uma mensagem e um jeito ímpar de cantar. A música ecoa como
estímulo e cada peça de roupa se torna uma diversão. E entre um play e outro sigo lavando minha roupa e o interessante sem
ao menos lembrar que era um dia de domingo...
O tempo continuou indeciso enquanto continuei trabalhando.
O domingo seguiu com suas
nuances e contradições, enquanto o sol brincava de esconde esconde eu terminava
de lavar a última peça de roupa, para em seguida iniciar leituras da Literatura
Africana e de repente, em cada texto me apaixono por Mia Couto ...Mas isso é
outra história que conto depois.
O domingo segue e continuo
ouvindo as minhas velhas fitas K-7, em
pleno domingo... Que delícia!!
Socorro Carvalho